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sexta-feira, 10 de julho de 2015

As carpiderias pervertidas e alegres do funeral

carpideiras



De pedalada em pedalada o futuro do país vai sofrendo derrota em cima de derrota, daqui a pouco não vamos mais ter o que oferecer aos “vencedores”. Como bárbaros, homens que ocupam a casa que representa o povo, comemoraram uma manobra política esquisita para aprovar a redução da maioridade penal. Sem entrar no mérito se a redução é necessária, não vejo motivo para comemorar o fato de que os nossos adolescentes freqüentarão o sistema penitenciário mais cedo.

Jogar a favor da redução é admitir que fracassamos e, decididamente, somos uma sociedade selvagem, sem ternura, capaz de aceitar a punição carcerária como solução para a deficiência na educação. Fechem as escolas e abram presídios, se é para fazer, vamos fazer direito; tirem o lápis da mão de uma criança e a ensine a manusear uma faca e um revólver. Se ela não aprender durante a vida dura no abandono social, terá oportunidade de aprender quando estiver presa na companhia de adultos “formados”.

Tanto a cegueira da sociedade, quanto a experiência de um criminoso, são professores para aqueles que nascem para sobreviver aos obstáculos e intempéries da vida. Menos de 1% dos crimes são praticados por menores de dezoito anos, e são eles que engrossam as estatísticas das vítimas com 36%, mas acostumamos a olhar as vítimas como números inanimados.

Temos a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas nenhum desses livros é consultado quando querem dar justificativas à sociedade. Ninguém se debruça sobre as leis, por isso exigem atitudes arbitrárias e simplistas para estancar o sangue do ferimento que eles próprios fizeram.

Tanto os jovens de classe média incendiaram o índio em Brasília, porque o confundiram com um mendigo; como os playboys que espancaram a empregada doméstica no Rio, porque a confundiram com uma prostituta, tiveram penas brandas. Como se mendigos e prostitutas não devessem estar amparados pelas leis, mas os agressores eram brancos e influentes, se fossem negros e pobres estariam nos porões dos presídios sendo alimentados e instruídos para que se tornassem feras.

A celebração funesta no Congresso é parecida com um certo tipo de funeral na Irlanda, que enterra o morto uma semana depois de sua morte. Esse evento é conhecido como “Wake” (despertar), as pessoas celebram a vida do falecido com música, comida e bebida. O caixão com o corpo, fica na casa da família e está presente em todas as comemorações.

Não dá para conceber que homens formados e com mandato chancelado pelo voto, sintam prazer, como pedófilos, em submeter os desassistidos a um regime de reclusão. Os congressistas brasileiros que comemoraram a vitória manipulada da redução da maioridade, com direito a cantar aquela musiquinha insossa, “eu sou brasileiro/com muito orgulho”, são as carpideiras pervertidas e alegres do funeral, que tem a frase na lápide: “Aqui jaz a esperança”.


Ricardo Mezavila

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