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segunda-feira, 29 de junho de 2015

As pernas longas da Aranha



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Em qualquer enredo feliz a constatação do aumento da expectativa de vida, se encaixaria perfeitamente em qualquer capítulo. Seria a celebração da vida poder aumentar a relação com o tempo por mais alguns anos. Seria assim, mas parece que nem isso é capaz de fugir das teias do sistema da aranha de perna longa, que escreve nossa história segurando uma esferográfica envenenada em cada perna.

Na sinopse está escrito que a expectativa de vida do brasileiro aumentou, porque a renda subiu e o acesso à saúde melhorou. A gente aqui reclamando que tudo está ruim, mas alguém escreveu que poderia estar pior. Aqui não temos conflitos militares, mas a criminalidade consegue superar as baixas de uma guerra; a vacinação em massa parece desnecessária, apesar da inexistência de saneamento básico em comunidades esquecidas; a boa educação estimula o prazer, afaga a utopia, que é uma ótima companheira para se sentar ao lado em uma viagem, mas o pesadelo é quem está com as mãos no volante e o pé no acelerador.

A notícia do aumento do índice é boa, mas traz impactos para a economia. Não sei qual o efeito negativo pode advir da conquista à vida, do adiamento da morte. Contudo, parece que o bolso é um dos órgãos vitais do organismo humano. Existe uma tal de Tábua da Mortalidade, calculada pelo IBGE, que serve de parâmetro para o INSS estimar o fator previdenciário, que tem por objetivo evitar aposentadorias precoces.

Considerando o tempo de contribuição, a idade do trabalhador e a expectativa de sobrevida, é feito o cálculo previdenciário. Sobrevida quer dizer prolongamento da vida depois de um limite, no caso a aposentadoria. No livro da aranha quer dizer prolongamento da existência, para além da morte.

Ainda, segundo o IBGE, o brasileiro conseguiu três meses e vinte e cinco dias a mais de expectativa de vida, entre 2012 e 2013. No homem passou de 71 anos para 71,3 anos; nas mulheres de 78,3 para 78,6 anos.

Na contramão e bêbado, o congresso está aprovando a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Será que em seus cálculos o IBGE não relaciona crianças e jovens? Por que aqueles que votam e pregam a redução da maioridade não consultam as estatísticas? Se consultassem saberiam que os adolescentes, menores de 18 anos cometem menos de 1% dos homicídios e são 36% das vítimas. Se a expectativa de vida aumentou, então seria coerente que a maioridade acompanhasse esse ritmo.

Enfim, quem escreve a história não somos nós, e sim a aranha. Há uma tese, a ciência ainda não tem resposta, que diz que a aranha ao morrer relaxa os músculos, por isso suas pernas encolhem. Então, vamos esperar que as pernas da aranha se encolham e que soltem as esferográficas, para que o veneno da tinta seja o antídoto contra tudo o que escreveram sobre a nossa incapacidade de encontrar a felicidade. E, vida longa aos anfíbios predadores!


Ricardo Mezavila

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