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domingo, 11 de janeiro de 2015

Nas pautas do silêncio



Sempre que ouço a primeira versão da música “Espanhola” de Flávio Venturini e Guarabyra, interpretada pelo músico de Minas Gerais, percebo que, além de conhecer a letra, também conheço todo o arranjo. Todos aqueles instrumentos que se sobrepõem na canção estão na minha memória como se meu cérebro guardasse uma orquestra inteira. As cordas se misturam, se perdem e se encontram em movimentos constantes dentro de uma viagem quase impossível. 

Acho que a vida seria menos complicada se a solfejássemos em sustenidos e bemóis, se cantássemos seus acordes e variações sonoras em afinação com as outras vozes, como em um coro bem executado, regido por um maestro simples, de havaianas, camiseta e bermuda.

Nas pautas da canção a vida segue em eterna transposição, passando de um compasso a outro, seguindo o tempo e pausando para a respiração alcançar notas mais altas, relacionamentos agudos e graves, dependendo da tonalidade.

Na tablatura do tempo precisamos descobrir onde ficam as linhas dissonantes, aquelas que atravessam o ritmo e deixam os ouvidos desprotegidos e vulneráveis às canções que saem da boca do homem frio, sem música nos olhos e de coração descompassado.

“Sempre assim, cai o dia e é assim, cai a noite e é assim”. Pare para ouvir a música que toca dentro de um silêncio e ouça como os instrumentos conversam, caminhe pelas partituras se equilibrando como um bêbado e desça lentamente sobre um jardim de notas musicais segurando uma clave de sol. “Eu preciso lhe falar, eu preciso, eu tenho que lhe contar”.


Ricardo Mezavila


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