Independência
de fato e de direito nunca houve, então, se a independência foi descartada, a
opção foi a morte. A morte física e a morte ideológica foram praticadas sem a
menor cerimônia, com treinamento e apoio financeiro da águia colonizadora das
Américas que se alia para depois cobrar seus investimentos.
Foi
assim que vimos os sucessivos governos militares realizarem o tal do famigerado
“milagre brasileiro” que muita gente ainda têm saudades dos tempos em que “a
economia era sólida” e “o ensino público era de melhor qualidade”. Às
custas do entreguismo e do endividamento os generais vendiam ilusão, se o
ensino tinha alguma qualidade não foi mérito da ditadura, eles concorreram para
que a educação fosse ceifada aos poucos e que a economia respirasse por
aparelhos até que toda a terra tivesse sido cavada e no lugar existissem
somente areais.
Quando
os trabalhadores se reuniam, como no primeiro de maio, no Riocentro, os pilares
do obscurantismo sentiam-se ameaçados e conspiravam e atentavam contra
inocentes e, dedos em riste, apontavam as lideranças populares e as chamavam e
terroristas. Terrorismo é uma façanha perversa e desqualifica qualquer projeto
de luta, mas para a juventude heróica e brava soava como elogio, quando partia
do lado de dentro dos quartéis. Nesse contexto também me considero um
terrorista.
A
América Latina, naquele período, foi banhada pelo sangue dos anônimos e dos
Carlos, Josés, Ernestos, Rubens e milhares de outros “sonhadores” que lutaram
por justiça para que a nossa consciência crítica não ficasse à deriva,
dependente de lampejos esporádicos, ora de um cronista, de um político, de um
estudante se manifestando nas praças, de um trabalhador indignado diante de um
envelope de pagamento, de uma dona de casa dividindo o ovo para quatro filhos.
Da
farsa da independência até hoje se passaram cento e noventa e dois anos, dos
quais apenas doze, os últimos, foram concedidos para que os dirigentes da
classe trabalhadora pudesse trabalhar na linha de frente, mas sendo atacado o
tempo todo pelos conservadores, parte das elites, pelas marias-vão-com-as-outras,
pelos militares que estão com um sorriso no canto da boca por conta de uma
candidata duvidosa e pelos peões da ignorância que, por mera reprodução, querem
que o partido criado pelos trabalhadores seja evaporado.
Para
os que articulam com a morte, um bom desfile de sete de setembro. Para os que
ainda lutam por independência, a luta continua!
Ricardo
Mezavila.
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