Imagem
improvável, mas não impossível: Eu, sentado na sala sozinho assistindo
televisão. Quando estou sem nada para fazer vou para rua encontrar amigos para
conversar e beber. Assistir televisão durante muito tempo pode ser perigoso
porque, com o controle na mão, você pode ter a sensação de estar aonde quiser,
ouvindo e consumindo o que quiser, quando na verdade é o contrário, você está
em casa ouvindo e consumindo o que eles querem. O Ideal quando se troca muito
de canal é apertar o power e procurar algo útil, não necessariamente na rua,
mas alguma coisa para fazer dentro de casa mesmo.
Conversando
com um amigo, casado, sobre o que gostamos de fazer quando estamos em casa,
concordamos que ficar em casa sozinho, sem nada para fazer é desconfortável, e
o entretenimento televisivo é como um imã, mas quando estamos acompanhados a
coisa é diferente, a conversa é privilegiada, por isso sigo com sucesso um
ditado, acho que é chinês, que diz: “quando casar case com alguém que você
goste de conversar!” É verdade, apesar do ditado se aplicar a outros
relacionamentos, mas é no casamento que o silêncio é uma sentença contrária e
letal.
Na
tradução ocidental do livro sagrado está escrito que o marido deve amar sua
esposa e esta deve respeitá-lo! Mas amar e respeitar é um dever adquirido do
direito sublime atribuído a duas pessoas que decidem viver juntas e somar. O
poder familiar não está isoladamente na manutenção capitalista, ele reside na
mais profunda capacidade de repartir os sentimentos em causa e em benefício do
coletivo.
De
uma boa conversa eu não fujo, quer dizer, não fujo nem de conversa “fiada”, meu
livro de crônicas não deixa dívidas. Mas, como nada é unânime, e nem deve, um
silêncio bem colocado, ás vezes, pode ser benéfico. Só para servir de
ilustração posso citar aquele momento em
que você está conversando e alguém chega e interrompe, nessa hora cabe um
silêncio para demonstrar a insatisfação pela inconveniência; outro momento é
quando o casal discute e um fala: “quer mesmo ouvir ?” Nessa hora é
melhor cantar para subir e ficar quietinho assistindo aquele programa de TV que
o outro adora e que você tanto critica.
Ricardo
Mezavila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário