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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sobre a opção “Compartilhar”



Se antes eu ficava indignado com a ausência das pessoas nas questões sociais e políticas, pela falta de participação naquilo que governa as nossas ações, hoje eu continuo indignado mas pelo motivo contrário, as pessoas estão mais participativas só que de maneira genérica, saindo do estado de letargia para a de reprodutoras, sem fundamentação, das polêmicas que nos afligem. Falo assim quando percebo nas redes sociais a opção “compartilhar” sendo usada indiscriminadamente por todos para expor o assunto do momento.

Ora compartilham o apoio a uma nova lei ou mudança de um estatuto, ora compartilham apoio a determinada figura à presidência só porque a tal figura não fez mais do que a função do seu cargo exige. Dando uma rápida conferida nas redes dá para notar que as bolas da vez são: a homofobia, a intolerância religiosa e a diminuição da maioridade penal. Como se isso fosse suficiente para a transformação da sociedade.

Tem gente que compartilha para ficar de bem com a sua consciência, acredita que compartilhando vai estar usando de cidadania e livrando-se da culpa caso as coisas não mudem: “pelo menos fiz a minha parte, compartilhei”. Esse falso sentimento de participação é mais perigoso do que a alienação porque passa a falsa sensação de estar quites com seus deveres enquanto membro desse aglomerado que chamamos de sociedade. E não tem como sacar em meio aos milhares de “compartilhar” uma exceção, não tem como não ser supérfluo e vazio diante das reivindicações por este modelo, nenhuma discussão está agregada ao ato simples de compartilhar um manifesto ou opinião.

Os eventos que poluem as redes sociais são legítimos, não há como negar, e seria muito interessante se, além de compartilhar apoios, também viessem convites para reuniões e atos de repúdios contra aquilo ou aquele que se tornou alvo dos manifestos.

Acompanho assustado os compartilhamentos sobre a maioridade penal, se não houver ações educativas que estruturem as bases da educação efetivamente, com escolas e professores de nível, com secretarias e ministério da educação integrados e com o apoio do legislativo, periga a cada cinco anos as pessoas estarem compartilhando a diminuição da idade penal para 12,10 anos.

Não é por aí que a gente vai viver em um país justo, aliás justiça não é somente punir, mas garantir direitos básicos e primários para que a pessoa cresça com dignidade e seja protagonista de sua própria vida.

Ricardo Mezavila

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