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sexta-feira, 22 de março de 2013

Preciso levantar e defender os índios





Ainda sonolento, liguei um antigo celular que uso como rádio, e ouvi: “índios da aldeia Maracanã resistem à desocupação!”. Fiquei atento ao que o repórter falava, mas sem entender muito bem o que estava acontecendo. Foi quando ouvi: “manifestantes fecharam a radial oeste, com reflexo na Marechal Rondon!”. Fiquei mais perturbado ainda, Candido Rondon, indigenista, foi fundador do serviço de proteção ao índio, defensor de seus direitos. Depois de conferir que dormi gripado e, por conta da medicação, ontem não havia passado no botequim, pensei: Meu Deus, isso é o que chamo de “oportunidade histórica”.

Preciso levantar e defender os índios! Perto disso o que é a luta pelos royalties do petróleo? Os manifestantes que estão em Brasília para, corretamente, cornetar o deputado eleito presidente da comissão dos direitos humanos, precisam vir para cá, porque foram os índios os primeiros brasileiros a ficarem indignados pela perda de direitos. Ditadura, indiretas, narcotráfico, privatização, corrupção, mensalão, tudo fica relegado a um campo menor quando temos a chance de quinhentos e treze anos depois, consertar a sociedade a partir do início.

Todas as violências e injustiças sociais que vivemos ao longo do tempo, tem a sua raiz no descobrimento do Brasil, quando os habitantes do nosso território foram expropriados, escravizados e mortos. Há duas semanas ficamos atentos à fumaça branca da capela sistina e, hoje, precisamos ficar observando a fumaça que os índios sitiados fazem dentro da aldeia, para que as tropas de Cabral não façam o mesmo que a tripulação de Cabral.

O governo tenta negociar um novo assentamento, talvez uma nova Cidade de Deus, ou Tupã? Querem trocar “espelhinhos” em detrimento à riqueza da história, como fazem quando, encastelados, dividem as barras de ouro e atiram ao vento a poeira dourada que sobrou para que sustentemos nossas famílias.

Proponho aos índios que deixem a aldeia Maracanã que está em ruínas, merecem coisa melhor, que atravessem a passarela e ocupem os patrimônios adquiridos e agregados pela coroa, que invadam São Cristóvão e façam do museu nacional, antigo palácio imperial, uma “Oca de resistência”, façam da Quita da Boa Vista um quintal para suas crianças; ocupem o Paço Imperial, a Praça da República, tudo pertence a vocês.

Mas tenham cuidado porque a cidade está infestada de monumentos aos brancos burgueses, monarcas e militares, alguns, os mais perigosos, estão guardados em panteões protegidos por armas, enquanto o único representante indígena está do outro lado, que um dia foi capital da província, na baía chamada Guanabara, que para nós é um lugar para se depositar lixo, mas que em tupi quer dizer, o seio do mar.

Ricardo Mezavila

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