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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pra ler nas entrelinhas




Existem dois Ramalhos que me influenciaram distintamente. Coincidência ou não, os dois tem por nome José. O músico Zé Ramalho da Paraíba, “O Bob Dylan do sertão”, e o José Antonio Ramalho, autor de vários livros de linguagens para computador entre outros. O Primeiro José eu vi quando debutou no Teatro Ipanema, em um show onde tocou as músicas de seu primeiro disco Long Play, “Avôhai”, “Vila do Sossego” e “Chão de Giz”, ficamos todos “ligadaços” – nesse sentido mesmo que você está pensando.

O escritor dos livros, o segundo José, veio em uma época já distante dos acordes de “A peleja do Diabo com o dono do Céu”, longe dos shows e das visões coloridas dos palcos, das metáforas “ramalianas” e da poesia do xará mais famoso. Eram dias difíceis de desemprego e toneladas de sacos de responsabilidade para carregar nos ombros.

Mas, dias difíceis fazem parte da vida, nem tudo é só flores ou só espinhos. As rosas ficam mais desejadas e bonitas pela presença dos espinhos, na dificuldade de tocá-las sem ferir-se. Os perigos que rondam os dias também podem fazer com que eles sejam mais interessantes. Às vezes tratar um problema de frente, mesmo com a ameaça de uma grande ferida, pode valer mais a pena do que os pequenos arranhões que vão avançando lentamente, sangrando com o movimento do ponteiro do relógio.

A iluminação do show brilha mais quando os olhos aprendem a lição do escuro. Quando aprendem que na presença da luz a voz denuncia, na sua ausência se cala. O silencio do escuro não significa que não vai haver música, ou que a luz é necessária para que o artista suba no palco. O silencio só quer dizer que o momento do intervalo é quando realmente o show acontece.

Pois é, de Zé a Zé “Ramalhei” muito. O livro - Clipper 5, volume 1, release 5.2 -  foi meu “travesseiro” quando lecionava em cursinhos de informática para pagar as contas. As linhas melódicas de “Vida de Gado”, nesse contexto, encaixariam ritmicamente nas linhas dos códigos de comandos do livro do “Ramalhão”.


Ricardo Mezavila

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