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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

As cinzas de Roma na Quarta-Feira Pagã





Voltando do carnaval, depois de deixar a fantasia guardada na gaveta para o ano que vem, as coisas começam a entrar nos eixos, no formato natural, sem máscaras, quer dizer, máscaras carnavalescas, porque a falsidade e a trapaça continuam durante e depois de o rei deixar a folia e voltar à realidade da rotina barulhenta da cidade.

A grande notícia não partiu das ruas coloridas pelos blocos, ou da passarela do samba onde as escolas caminham passos largos para a indiferença popular se não ousarem a criar desfiles mais tradicionais com sambas de verdade e não metade samba e metade burocracia; enredos de verdade e não metade enredo e metade marketing; gente de verdade e não metade gente e metade silicone.

O grande destaque do reinado de momo veio de Roma, não a Roma Pagã que perseguia os cristãos e que os carnavalescos adoram como enredo, mas do enclave murado que fica dentro da cidade de Roma. O intelectual alemão Joseph Ratzinger, que foi ordenado padre após desertar do exército, no fim da segunda guerra, renunciou do cargo de sumo pontífice da igreja católica. O papa Bento XVI sucedeu João Paulo II com o objetivo principal de lidar com denúncias de abusos sexuais de sacerdotes.

Não é novidade que o alto clero encobre deslizes de seus pares, que se protegem de acusações irrefutáveis e constrangedoras. Não bastassem seus próprios infortúnios e escândalos, algumas polêmicas como a condenação do casamento entre homossexuais, a igreja católica vê o crescimento do protestantismo avançando, principalmente na América Latina.

De resto o de sempre, a televisão, com apoio da prefeitura, julga, condena e executa os desfiles das escolas de samba; repórteres fazendo perguntas sem nexo às celebridades bêbadas; jogadores de futebol assumindo relacionamento com atrizes; estradas com trânsito caótico e propagandas ameaçadoras sobre a lei seca.

Ah! Já ia esquecendo o pior dos delírios que eu já assisti em um desfile de escola de samba, com requinte de mau gosto e total ignorância histórica e política, a bateria do Salgueiro (a furiosa), “homenageou” Guevara em um enredo discorrendo sobre “fama”.  Quem conhece a história sabe que o Che tinha avesso ao culto de sua imagem. Escritores que estiveram com ele durante o período das guerrilhas disseram que a imagem de seu rosto estampado nas camisas foi sua segunda morte. Tenho que escrever aos camaradas para informar que Che Guevara foi metralhado novamente, em pleno carnaval carioca.

Ricardo Mezavila

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