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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Vamos voltar ao tempo da ignorância





Do nada, quer dizer, estávamos no bar, o camarada diz em alto tom interrompendo a conversa: “A gente tinha que voltar ao tempo da ignorância”. Eu olhei para ele e balancei a cabeça positivamente, da forma que costumamos fazer quando algum desconhecido se intromete no nosso papo. Voltei ao assunto, era sobre de como a tecnologia influencia no cotidiano, de como todo mundo com um celular registra tudo e a sensação é de vigilância integral. Novamente o vizinho de mesa disse que tínhamos que voltar ao tempo da ignorância.

Ignorância é falta de conhecimento sobre um determinado assunto, eu a defino assim, embora tenha outros significados carregados de preconceitos como ignorar alguém baseado em etnia ou religião; opção sexual ou política e outras tantas formas de discriminação. Bem, o amigo do lado – eu não o ignorei – dava seu pitaco coerentemente, a sua intervenção era pertinente ao que ele ouvia. Ele se referia ao tempo em que ainda não éramos portadores das bugigangas tecnológicas de hoje.

Então o assunto foi enriquecido pela opinião do ilustre e inconveniente parceiro que jurava não entender nada de informática. Disse que era feliz no seu analfabetismo digital, que preferia o rádio como meio de comunicação. Apesar da apologia à rusticidade e ao mundo das cavernas, o nobre colega disse que sempre incentivou seus filhos matriculando-os em cursos de informática e que atualmente todos estão formados.

Confesso que bateu um saudosismo dos tempos em que, para falar com alguém que estivesse em trânsito, tinha que esperar sua chegada. Hoje falamos com todo mundo a todo instante, em qualquer lugar ou situação. Senti saudades de sentir saudades. Nos dias atuais somos criaturas instantâneas, aparecemos nas “webcans” como no desenho The Jetsons. Ao contrário do analfabyte “bar goer”, eu sou dependente dessas quinquilharias outrora futuristas.

Na prática, a informatização é um avanço em todas as áreas, sem a qual a sociedade padeceria ainda mais da lentidão de como as coisas são tratadas. Evoluímos em quantidade e a tecnologia nos compacta em arquivos para que utilizemos melhor os espaços otimizados. Às vezes utilizo a ferramenta “auto-zipar” e descompacto lembranças do tempo em que abraçar alguém, ouvir a sua voz e sentir saudades eram sentimentos que vinham do coração e não de um disco rígido.

Ricardo Mezavila

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