Habituado a almoçar e jantar
novela, o brasileiro é chegado a um ato de heroísmo individual, acredita que,
sozinho, alguém pode emergir das ondas maléficas, ou das cinzas incandescentes
e surgir com seus super poderes para salvar a sua pele e honra; tem fé na
ressurreição do herói morto, na ascensão do paladino da justiça, do cavaleiro
da luz e da esperança.
A mídia faz isso: Escreve o
roteiro, distribui os papéis, faz a divulgação e massifica. O que acontece nos
bastidores da realidade crua não interessa aos indicadores de audiência, são
irrelevantes na visão dos patrocinadores. Pois bem, fomos educados a acreditar
na versão, segundo as expectativas do dominante (sem patrulha ideológica, por favor), e o outro lado da notícia ou,
os outros lados, são camuflados para debaixo do tapete da conveniência em nome
da imagem e do dinheiro.
O salvador pode vir de toga,
fraque, farda, ou camisola. O importante é habituar o rebanho à base de
pitorescas pirotecnias embutidas nas entrelinhas, sublimadas pela dicção de
quem transmite a linha de notícia.
As biografias dos heróis
instantâneos são recheadas de momentos dramáticos, “o povo gosta de circo”, para que todos fiquem penalizados e, ao
mesmo tempo, orgulhosos da sua perseverança e determinação. O foco são as suas
palavras, o jeito com que se posiciona diante da arena. Ninguém questiona se
suas decisões excluem, ou omitem fatos e responsabilidades de um ou outro
personagem da “trama”.
Nosotros trabalhamos e recebemos para isso, é uma das lógicas
capitalista, se voce trabalha é remunerado. Certa vez, em uma empresa em que eu
trabalhava, o gerente afixou esse cartaz: “VOCÊ É PAGO PARA ISSO”. Era uma
mensagem para evitar que alguém ficasse de migué
no local de trabalho. E assim eu vejo os heróis fabricados pela imprensa,
que monopoliza e excita o clamor popular de uma gente carente de braços fortes
e mães gentis: VOCES SÃO PAGOS PARA ISSO!
Quando eu retornava da escola,
ensino fundamental, o primário e o ginásio de antes, almoçava ouvindo um programa
de esportes na Rádio Nacional, junto com minha mãe. Entre os jornalistas havia
o Brandão que costumava a fazer participações óbvias e ouvia dos outros
ironicamente: _ “É mesmo, Brandão?” Esse é o meu jargão para quem surfa nas
ondas das passeatas tipo :Valeu, STF!
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