É comum e extremamente saudável
que, de vez em quando, alguma coisa faça com que a gente desperte para um fato
passado, um momento bom ou ruim, uma lembrança que espete o coração como uma
agulha inquisidora. Normalmente o déjà vu
consegue com que façamos uma reflexão a respeito e, às vezes, vem a rebordosa, o flagelo diante da presença da
culpa, a punição e a sentença: “não posso conviver com isso”.
Esse extremismo também é normal e
a psicanálise sabe como isso funciona, mas é necessário que a gente saia dessa
sozinho, com duas ou, no máximo, três ressacas, se passar disso o fantasma pode
se transformar em algo bem mais feio. Repare que ao nosso lado sempre tem alguém
disposto a nos ouvir, porque também está disposto a falar. Converse sobre o que
te perturba, mas não seja dramático, nessa hora vale até fingir um pouco de
desprendimento.
Conviver com algo que assombra e
cuspir em cima é como morar dentro de uma mochila cheia de espelhos refletindo
uma única imagem. Se as lembranças sangram é porque ainda faltam alguns
curativos; limpe o local para que possa aplicar um pouco mais do tempo, remédio
para todas as doenças.
Enfim, sinta saudades, mas nunca
a convide a viver contigo, não deixe que ela faça parte dos teus dias, dos teus
novos momentos de alegria. Nunca caminhe com tuas lembranças ao lado, durante a
caminhada tente não carregar nada que possa fazer com que fique cansado, ou
arrependido. Olhe sempre para frente e verás que tua sombra te guia. Não se
preocupe porque o bom sentimento nunca fica para trás, ele estará dentro de
voce, apesar da distancia e do tempo.
Ricardo Mezavila
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