Operar a “garganta”, amígdalas como
se escreve, ou amídalas como se fala, quando eu era criança, era tão certo quanto
um dente de leite cair. Meus amigos todos operaram e depois, não sei se por
recompensa dos pais ou recomendação médica, deliciavam-se com sorvetes o dia
inteiro. A minha garganta era “toda inflamada” como dizia minha mãe quando eu
reclamava de dor. Ainda hoje tenho que ter algumas precauções quando há mudança
de temperatura.
Ter conseguido passar toda a
minha infância e adolescência sem ter operado as amigdalas, talvez tenha sido a
minha maior vitória. Chegar aos treze anos, todo mundo tinha treze anos em
1972, sem ter operado, equivale a um soldado voltar da guerra sem ter levado um
tiro; é o mesmo que nunca ter sido assaltado no Rio. Eu atravessei no meio da
guerra e recebi a minha medalha de herói.
Hoje estou com a amigdala direita
doendo um pouco, desconfortável, eu acho. Mas tenho a esquerda em bom estado
ainda, por enquanto. Vou a um churrasco daqui a pouco e está chovendo e a
temperatura deve estar mais ou menos 20°. Não como churrasco, não que não coma
carne, mas sinto mais o “gosto” da fumaça do carvão do que o da carne. Mas isso
não impede que eu coma a farofa com molho à campanha.
Falando em infância na década de
sessenta, lembrei de um boneco que fez muito sucesso: O MUG. Era um boneco de
pano preto e de roupa xadrez. Foi criado para uma campanha publicitária, vários
artistas ganharam de presente e fizeram do boneco um amuleto, diziam que trazia
sorte, sua influência positiva foi um fenômeno no meio da juventude.
Outra recordação, associada à dor
de garganta, era o uso do vick vaporub, sempre que eu sentia qualquer dorzinha,
minha mãe aplicava o unguento na minha garganta e o alívio era certo. Li, em
algum lugar, que existe uma planta que tem o cheiro do vick, vou procurar saber
sua origem para trazer aqui para casa e plantar. Tem uma latinha de vick por
aqui, vou passar antes de sair para o churrasco e, claro, tenho que saber onde
está o Engov.
Ricardo Mezavila
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