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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Poeta do dia




Em algum lugar neste mundo, ou fora dele, deve haver uma aldeia onde só poetas habitam. Famílias inteiras escrevendo suas poesias. Mães amamentado seus pequenos poetinhas, crianças brincando com livros, adolescentes trocando poemas apaixonados, adultos discutindo poesia nos bares e idosos contando, mais uma vez, quando e como escreveram seus primeiros versos.

Deve sim, haver um lugar, onde as palavras rimadas tenham valor; onde as pessoas tenham o patrimônio poético como herança; onde a preocupação do doente é saber quem escreverá o poema de sétimo dia caso venha a falecer.

Vou imaginar esse lugar e passar algumas horas por lá. Não posso ir de mudança, porque para viver lá tem que ser nativo e também não saberia viver sem a vulgaridade daqui. Mas vou aproveitar ao máximo essa oportunidade.

Consegui, estou na Aldeia dos Poetas! A primeira coisa que percebi foi o perfume suave que tem na atmosfera. Vou ter que tirar o All Star porque aqui tudo é gramado e muito bem cuidado. O céu é de um azul como nunca vi e as nuvens tem formas de animais. Vejo algumas montanhas, todas verdes.

Preciso encontrar alguém para saber como é a vida aqui. Ali, depois do jardim de miosótis azuis, tem uma pequena casa amarela com janelas e portas pintadas na cor cinza; as telhas são envernizadas e muito limpas. A casa não tem cerca ou muro. Um cãozinho está deitado no tapete em frente à porta.

Vou dar uma volta para conhecer melhor a aldeia. Vejo um lago, dois, três, são vários, parece um parque de lagos, onde as aves mergulham e brincam. Mas adiante vejo uma praça, com pessoas, consigo ler uma faixa: O POETA DO DIA. Parece algum tipo de homenagem, me aproximo e todos se voltam para mim quando percebem minha presença.

Estão pedindo para que eu me aproxime mais. Não acredito que isso esteja acontecendo! Uma menina pega em minha mão e caminhamos até um pequeno banquinho de madeira. Um senhor, de aparência agradável e simpático, diz que estavam a minha espera, que era para eu subir no banquinho e recitar um poema de minha autoria.

Recitei um poema que nem mesmo sabia que o tinha decorado. Fui aplaudido por todos e ganhei, das mãos da menina, uma flor de miosótis azul que também é conhecida por “não se esqueça de mim”. O anfitrião disse que aquele dia era o Dia do Poeta, e que nesse dia um poeta é inspirado e através das asas de sua poesia chega até a Aldeia.

Voltei de lá com a certeza de que a vida é uma benção e que nunca devemos sentir qualquer outro sentimento que não traga pureza para o espírito. A flor de miosótis acho que perdi na viagem, mas sei que posso encontrá-la nos olhos daquela menina.

Ricardo Mezavila (Pra Júlia)

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