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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O fraco contra o mais fraco



A classe média proletária, também conhecida como ‘emergente’, porque é assalariada e ainda depende do emprego para sua subsistência, prefere fazer claque para a burguesia a ter ouvidos e olhos para o que acontece do seu lado na rua, no condomínio e no escritório. Como mantém um padrão de vida e de consumo acima da maioria da população, a classe média proletária tenta ficar grudada nos opressores, os que controlam o processo econômico e político, reproduzindo e estendendo o preconceito de classe. 

Essa observação fica exposta e clara quando a sociedade tem a oportunidade de se manifestar diante de algum acontecimento midiático, como o que ocorreu ontem na Ponte Rio-Niterói quando um rapaz, os motivos ainda não foram revelados, ‘sequestrou’ um ônibus de passageiros por quase quatro horas. O rapaz foi atingido fatalmente por um sniper da polícia militar. A classe média celebrou. 

O governador Wilson AuschWitzel aproveitou o momento e protagonizou cena lamentável ao descer de helicóptero na Ponte e sair aos pulos e aos berros, de punhos fechados, sob os aplausos de quem estava ali. O que o governador comemorava? A banalização da vida e a normalização da morte, provavelmente. 

A sociedade foi atacada por uma epidemia que atrofia a visão social, comprometendo a consciência crítica e a capacidade de se solidarizar com o outro. O fraco se fortalece oprimindo o mais fraco na hierarquia capitalista, na pirâmide da desigualdade. A posição, o status, ocupa todo o lugar, toda a estrutura relacionada ao que conhecemos por civilização e humanidade. 

A deformação causada pelo máximo poder aquisitivo contemporâneo, em outras épocas o conhecimento valia mais que o ouro, faz crescer a fila das populações marginalizadas, as que procuram por qualquer meio que lhes possa garantir sobrevivência. 

A lógica do manejo racional diz que o mais forte sempre vencerá o mais fraco, mas nem sempre quem sobrevive é aquele que venceu. Muitas vezes, quem melhor se adapta é o mais forte. Nesse contexto a classe média precisa descer do altar falso que ocupa, despir-se das roupas que não são suas, livrar-se do exoesqueleto que impede sua autenticidade e lutar nas ruas, ao lado dos oprimidos, contra os heróis que não seus. 



Ricardo Mezavila

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