Não utilizo de nenhum dado oficial, ou estatístico, para
iniciar uma pequena discussão sobre a inutilidade, da verdadeira guerra, que as
secretarias de segurança e os órgãos de polícia e justiça travam, contra o
tráfico de drogas e armas e, informalmente e de resvalo, contra toda a
sociedade.
Existe um enorme esquema para a comercialização da droga,
para que ela chegue até o consumidor. Não tenho informação precisa sobre o
custo disso, quantas pessoas estão envolvidas e o lucro, mas imagino que isso
seja meramente formalidade para chegar à conclusão de que a forma como o
tráfico é combatido está errado, na raiz.
Considerando que milhares de inocentes perdem a vida por
conta dessa guerra, através das chamadas ‘balas perdidas’ e outras formas de
violência, não podemos aceitar a ideia de eficiência de um modelo falido de
repressão às drogas.
Falando do estado do Rio de Janeiro, onde mais repercute essa
guerra, a ineficácia das UPPs, que não contam com nenhum projeto socioeducativo
nas áreas supostamente atendidas, transformaram a desconfiança e a remota
reação em um estrondoso fiasco de avaliação, execução e resultado.
Vamos chegar em um momento em que as armas terão de ser
silenciadas, as investidas policiais estancadas e repensar uma estratégia menos
agressiva, que diminua as vítimas inocentes que estão no meio do escombro
social que transforma cidades e ruas em campos de batalhas.
Sempre tive opinião contrária à descriminalização das drogas,
mas hoje penso que seria o início de uma nova mentalidade de governabilidade. O
Estado perdeu a guerra, isso é fato e notório, a sociedade precisa começar a
discutir com mais profundidade essa questão, deixar a hipocrisia de lado, o
preconceito de lado, olhar para o espelho e perceber que imagem quer ver
refletida ali.
Ricardo Mezavila
Autor de ‘Marina e o submarino inglês’
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