Vivemos
a era do espetáculo da ‘burrice’, com todo respeito ao quadrúpede, mas nos
transformamos, pejorativamente, em palhaços de nós mesmos, algozes de nossas
línguas, patifes de nossas sombras. Aconselho aos pais que corram, o mais
rápido que puderem, e controlem o tempo que seus filhos se debruçam sobre a
Internet. É temerário o conteúdo exposto, é como admirar um museu de crimes,
uma exposição de ossos.
A
fanfarra de desconexões linguísticas e semânticas ultrapassa o limite seguro da
confusão contextual. O que um padre diz
no Brasil, por exemplo, pode ser atribuído a uma eminência parda de uma
religião xiita no Oriente Médio. Os laços estão misturados em nós, em emendas
grosseiras e cortantes, como lâminas.
No
circo dos absurdos o picadeiro é palanque para gente de todas as espécies,
discursos aleatórios, alienígenas, recheados de ódio e preconceito. Estamos
prestes a substituir a liberdade das asas do conhecimento, pela corda da forca
da massificação ‘midiota’.
A
invasão da fatuidade está em ascensão preocupante e é uma ameaça ao bom senso,
a inocência e ao direito de justiça. A capacidade de raciocínio esta cedendo
espaço para a simples reprodução visual e sonora; o sentido amplo engoliu o
restrito como semente de tomate; as tribos estão todas com o mesmo corte de
cabelo e usam as mesmas gírias.
No
espetáculo da (burriçe ou burrissse?), os espaços são ocupados por quem
consegue chegar primeiro, ser mais esperto e colocar mais armadilhas. O
conceito fundamental de matéria permanece isento, se um corpo estiver ocupando
um lugar, o lugar é dele de direito, mas nem sempre de fato.
A
matéria é inerte até que uma força aja sobre ela. Como era a bola na marca do
pênalti, antes que Lionel Messi a chutasse por sobre o travessão do goleiro
chileno. Por mais compacta que pareça, toda matéria é descontínua, existem
espaços entre uma molécula e outra, esses espaços podem ser maiores ou menores,
tornando a matéria mais ou menos dura.
Chequem
seus cintos, amarrem seus cadarços, testem os freios, porque vai ser preciso
uma freada nessa corrida destrambelhada que se tornou a informação instantânea.
Ricardo
Mezavila
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