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sábado, 3 de outubro de 2015

É a lama, é a lama





A sociedade vive seu momento de “pau e de pedra”, de direitos violados, de desrespeito às instituições legalmente constituídas. Vive seu momento de ódio ideológico e de intolerância religiosa, desportiva e de gênero. O fim do caminho não é um factóide, ele é real, como a lente da câmera do celular da moradora do morro da Providência, que registrou um cadáver segurando uma arma e atirando.

As imagens remetem a um thriller, mas é só mais um corpo caído no chão, forjado, mais um Amarildo, um Max, um Eduardo qualquer das “quebradas”, que se estivesse dentro de um ônibus seria revistado porque tem o perfil do excluído, e que se parece com aqueles que promovem os supostos arrastões nas areias de Copacabana.

Não foram as chacinas da Candelária, de Vigário Geral; nem o despreparo do policial que atirou em Sandro quando ele se rendeu no seqüestro do 174, capazes de trazer um olhar crítico, profissional, técnico e humano para as questões da violência urbana. Para haver ordem e progresso é preciso privilegiar a educação.

Enquanto isso, o Congresso contraditório, se agarra às unhas ao financiamento privado para suas campanhas, que é a raiz da corrupção; a cidade do Rio vive o caos com as maquiagens para sediar as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016, nas polêmicas águas da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas. Penso que se o projeto das escolas de horário integral, como eram os CIEPS, tivessem o mesmo tratamento, muitos jovens que hoje são tratados como excluídos, seriam professores, médicos, engenheiros, como os filhos da classe média.

Vivemos a síndrome do jardineiro que, muito cuidadoso com a exuberância do jardim, esquece de tratar o terreno. Então, numa manhã, ele percebe que as borboletas sumiram, que as folhas com fungos, que até então não incomodavam, secaram; que o jardim, agora árido, virou depósito de lixo e que atrai roedores. Ele culpa o dólar, o Dunga e a imigração. Sem autocrítica, não contextualiza, sua passividade coletiva não deixou que percebesse que a terra se contaminava bem debaixo de seu nariz.

Ricardo Mezavila







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