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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O Casarão e a História do "Padre"



Houve uma época no Brasil em que era preciso muita criatividade para fugir às leis e o crivo de um  regime cruel, inquisitivo. Para driblar a censura artistas usavam pseudônimos para gravar suas músicas. O caso mais conhecido foi o de Julinho da Adelaide – Chico Buarque – o compositor usava desse artifício porque bastava uma música com a sua assinatura para ser previamente censurada.

Na folia de reis há o palhaço com seu jeito cínico e dissimulado, protege o Menino Jesus, confundindo os soldados de Herodes. O seu jeito alegre e suas vestimentas coloridas são responsáveis pela distração e divertimento de quem assiste à apresentação. É um personagem alegre, que dança e improvisa versos, criando momentos de grande descontração.

Ouvi um relato de um senhor, ele contou que em mil novecentos e sessenta e seis, fazia reparos em um casarão que servia para aprisionar presos políticos e “subversivos”, segundo as forças armadas. Ele contou que estava pintando as paredes do casarão quando viu um homem vestido de padre descendo as escadas e ganhando as ruas. Minutos depois ele retornava sob os cassetetes dos soldados. Era Olavo, um estudante de jornalismo, ele tentara, assim como o palhaço da folia e o Julinho do Chico, disfarçar-se para viver a liberdade de pensar e de se expressar.

Nesse casarão funciona, atualmente, há quatro décadas uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, que trabalha com crianças e jovens. Há relatos sobre a aparição de um certo Homem de Preto que circula pelas salas à noite, uma assombração, acompanhada dos fantasmas de outros, que padeceram naquele local, porque sonharam com uma sociedade onde a justiça fosse igual para todos, a educação fosse acessível e as reformas de base implementadas. Tudo o que eles idealizaram ficou impregnado nas paredes do antigo casarão, muitas pessoas quando entram sentem a  energia positiva do lugar, que resiste quase que utopicamente esses anos todos.

Quando contei ao senhor sobre a assombração que circulava pelo casarão, ele não titubeou: É o Olavo!



Ricardo Mezavila

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